quarta-feira, 24 de março de 2010

Minha cota de caridade

Sabe, o que eu senti por você chegou a ser amor. Eu realmente pensei que seria você. Mesmo sabendo, lá no fundo que podia não dar certo. Já que eu era sua pessoa substituta e você o meu substituto. Essa coisa de pessoa substituta é daquele filme, sabe qual? Não né, você nunca gostou das coisas que eu gosto. Nem eu das coisas que você gosta. Era algo meio sem noção, nós dois namorando.
Você lembra daquele outro dia em que você foi me buscar pra ir numa festa e estava bêbado com a boca cheia de brilho? Acho que minha vida estaria diferente agora se eu tivesse te dito pra ir embora e nunca mais me procurar. Mas, pra quê, né, eu não gostava de você e você também não gostava de mim mas éramos substitutos. Nem liguei porque quando eu voltasse pra BH isso seria apenas uma lembrança meio turva das minhas férias.

Acho que tudo ficou sem rumo quando começamos a namorar. Foi um erro? Não sei. Vai ver que essa tentativa (minha) desesperada de você ser O Cara foi errada. Olha que lindo, ela está com alguém que nunca namoraria. Olha que santa. Chego a pensar que esse relacionamento se fez pra eu aumentar o meu ego. Eu não ficaria sozinha e você passearia com a garota nova na cidade. Puta mão na roda! No fundo, bem lá no fundo, eu sabia. A gente sempre sabe. Sempre.

Mas teve um momento que eu realmente acreditei em nós dois. Acho que foi no mesmo momento que você se cansou e foi covarde o bastante em continuar com essa palhaçada. Eu tinha acabado de chegar na cidade e estava com você. Só com você. Você não podia me deixar livre e deixar eu ir pra cama com aquele cara do Civic, ou com aquele empresário, ou com aquele lindo e louco parente do prefeito.

Tudo mudou naquela maldita festa, naquele maldito lugar, com aquelas malditas
pessoas. E eu, antes tão centrada, me tornei maldita e impulsiva. E falei coisas que nunca imaginei falar e fiz coisas que nunca imaginei fazer. Sabe, por isso falo que a gente não se conhece. Tomo essa experiência como exemplo quando vou falar sobre autoconhecimento. Você é um exemplo do que não devo seguir. Do que não deu certo. Do canalha dissimulado que tem medo de ficar sozinho.
E você me apresentou pra todas as qua você ficou. E eu fiquei amiga de todas as que você ficou . E elas se tornaram minhas amigas e você se fudeu. Rá! Mas mesmo assim me senti humilhada. E independente disso, não guardo mágoas, porque você é tudo que eu não quero pra minha vida. Você foi uma caridade. Minha cota de caridade com malandros que não querem crescer na vida.
E pra provar pra mim que eu era capaz e mostrar pra você que eu era melhor, eu dei praquele cara do Civic, e praquele empresário e praquele lindo e louco parente do prefeito.
E, mesmo não guardando mágoas, você é o tipo de pessoa que eu não quero no meu convívio. E, sendo senhora da minha vida, tenho o direito de escolher quem eu quero ou não ao meu lado. Entende? Depois desse tempo, olho pra sua vida e constato que você está da mesma forma. Você se contenta com seu Ensino Médio e com o seu salário mínimo. Eu não me contento porque quero fazer parte dos que deram-certo-na-vida e sei que o céu é o limite. Minha vida não se resume a duas cidades de interior. Minha vida se resume em volta ao mundo. Tá vendo, a gente nunca ia dar certo mesmo. Mas sim, o que eu senti por você chegou a ser amor.

3 comentários:

  1. tu ta tão inspirada essa semana ein! lindo isso: "Mas sim, o que eu senti por você chegou a ser amor."

    @dianacarisio

    ResponderExcluir
  2. Se eu não coloco pra fora, fico louca! rs
    Obrigada por sempre ler tudo, viu?

    =*

    ResponderExcluir
  3. Ja te disse o que penso a respeito, mas nao canso de falar que voce escreve devinamente bem. Eu vi e convivi e alguns desses momentos e bate uma vontade de chorar ao ler isso. É FODA

    ResponderExcluir